Campanha de azeitona 2025: quebras de até 50% desafiam olivicultores transmontanos
- Azeite a Norte

- há 6 dias
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A campanha olivícola deste ano enfrenta reduções significativas de produção em Trás-os-Montes e Alto Douro, com perdas que variam entre 10% e 30% na maioria das zonas, podendo atingir os 50% em áreas específicas.
Apesar da quantidade reduzida, os produtores garantem que a qualidade do azeite se mantém excecional [1].
Ano difícil marca segunda maior região produtora do país
Trás-os-Montes, segunda maior região produtora de azeite em Portugal com 78.928 hectares de olival, regista este ano uma das quebras de produção mais acentuadas da última década. As condições climáticas adversas são apontadas como a principal causa para este cenário que afeta produtores em toda a região [1].
Os dados são confirmados pela Associação dos Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro (APPITAD), que aponta perdas generalizadas entre 10% e 30%, embora algumas explorações enfrentem reduções ainda mais severas [1].
Clima adverso determina quebra na floração e vingamento da azeitona
As razões para esta campanha fraca estão relacionadas com dois fenómenos climáticos críticos.
Durante maio, temperaturas superiores a 30 graus na zona de terra quente comprometeram o vingamento do fruto, precisamente quando as oliveiras se encontravam em plena floração.
Posteriormente, o verão seco prolongou o stress hídrico nas árvores, especialmente nos olivais tradicionais de sequeiro que predominam na região [2].
Mesmo os olivicultores com sistemas de regadio não ficaram imunes às dificuldades desta campanha, registando produções que, em alguns casos, não chegam a metade dos valores habituais [2].
Qualidade elevada contrasta com quantidade reduzida
A notícia positiva é que, do ponto de vista fitossanitário, o ano revelou-se excepcionalmente favorável. A ausência de problemas com pragas e doenças traduziu-se num azeite de qualidade superior, tanto na terra quente como na terra fria, e nos azeites da região do Douro [1].
Esta qualidade de excelência poderá ajudar a compensar, ainda que parcialmente, as perdas em volume de produção [1].
Preços pressionados por stocks do ano anterior
Contrariando a expectativa de que a quebra de produção pudesse resultar em preços mais elevados, o mercado apresenta uma realidade diferente.
A existência de stocks significativos da campanha anterior, a nível mundial, está a conter a valorização do produto [1;3].
No concelho de Carrazeda de Ansiães, onde as quedas de produção rondam os 30%, a procura está reduzida e os preços registam descidas. Segundo a Associação de Fruticultores, Olivicultores e Viticultores de Carrazeda de Ansiães (AFUVOPA), o azeite que na campanha passada se comercializava entre 35 e 40 euros por cinco litros, este ano situa-se na faixa dos 25 a 30 euros, podendo descer ainda mais em alguns casos [1;3].Custos de produção agravam impacto nos rendimentos.
O cenário torna-se particularmente desafiante quando se consideram os custos de produção, que se mantiveram elevados. A apanha mecânica, os tratamentos fitossanitários e a manutenção dos olivais representam investimentos significativos que não diminuem proporcionalmente à quebra de produção, criando uma compressão acentuada nas margens dos agricultores [3].
Este desequilíbrio entre custos fixos e receitas reduzidas coloca muitas explorações familiares numa situação financeira delicada [3].
Investimento em regadio como resposta futura
Perante esta realidade, a APPITAD defende a necessidade de reforçar o investimento em sistemas de regadio como estratégia de mitigação de riscos. O armazenamento e gestão eficiente da água em períodos secos pode fazer a diferença entre uma campanha com quebras moderadas e perdas mais severas, protegendo a sustentabilidade económica das explorações olivícolas [2;3].
A aposta no regadio apresenta-se como um investimento estrutural fundamental para garantir a resiliência do setor olivícola transmontano face às alterações climáticas e à irregularidade crescente dos padrões meteorológicos [2;3].
Esta campanha fica assim marcada como um ano de desafios para os olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro, que continuam a trabalhar com dedicação para manter a qualidade reconhecida do azeite da região, mesmo perante adversidades climáticas e de mercado.
Referências




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