5 Restaurantes Imperdíveis em Trás-os-Montes e Alto Douro: Onde o Azeite Conta Histórias
- Azeite a Norte

- 19 de nov.
- 7 min de leitura

Trás-os-Montes e Alto Douro são muito mais do que paisagens de cortar a respiração — são regiões onde a gastronomia se entrelaça profundamente com a terra e onde o azeite não é apenas um ingrediente, mas o fio condutor de histórias de gerações. Nesta viagem gastronómica, vamos descobrir cinco restaurantes onde a excelência culinária se encontra com a cultura oleícola transmontana, criando experiências memoráveis que celebram o melhor desta terra generosa.
1. Maria Rita do Romeu | Romeu, Mirandela: Quando o Azeite é Herança de Família
Uma História de Gerações
O restaurante Maria Rita, localizado no Romeu, em Mirandela, representa a essência da ligação entre gastronomia e produção olivícola transmontana. Esta casa familiar não só serve refeições memoráveis como produz o seu próprio azeite, mantendo viva uma tradição que atravessa gerações.

Fundada por Clemente Menéres em 1874, a Quinta do Romeu mantém-se na mesma família há 5 gerações. A família Menéres cultiva oliveiras em 120 hectares de olivais, transformando-as num azeite virgem extra DOP de qualidade superior. O projeto Maria Rita, desenvolvido pela família, representa essa dedicação à excelência — um azeite que carrega o nome da antiga estalajadeira que inspirou o restaurante..
A Experiência Gastronómica
No Maria Rita, cada refeição é uma celebração do terroir transmontano. Os pratos tradicionais ganham novas dimensões quando temperados com o azeite da casa, criando harmonias que revelam a importância deste ingrediente na culinária regional. Até mesmo na sobremesa é possível experimentar o azeite na icónica Mousse de Chocolate Preto com Azeite, uma combinação surpreendente que demonstra a versatilidade deste produto nobre. É possível inclusive adquirir o azeite produzido pela família, levando para casa um pedaço desta experiência autêntica.
Porquê Visitar
A aldeia de Jerusalém do Romeu é uma jóia escondida no Nordeste Transmontano, com uma atmosfera que nos transporta para o século XIX. O restaurante integra uma quinta de produção biológica de vinhos, azeites e muitos outros produtos, proporcionando uma verdadeira viagem no tempo a quem o visita. A combinação de boa mesa, azeite de produção própria e o acolhimento familiar fazem do Romeu uma paragem obrigatória para quem deseja compreender verdadeiramente a cultura oleícola transmontana.
2. Contradição | Bragança: Inovação com Raízes Profundas
Onde o Contemporâneo Encontra a Tradição
O restaurante Contradição, em Bragança, nasceu de uma visão clara: honrar os produtos regionais através de técnicas contemporâneas, sem perder a essência transmontana. O nome reflete precisamente essa dualidade — a capacidade de inovar mantendo-se fiel às raízes.
Neste espaço, o azeite transmontano é trabalhado com respeito e criatividade, surgindo não apenas como tempero mas como protagonista de preparações que destacam as suas nuances aromáticas e gustativas. A carta valoriza produtores locais, estabelecendo uma rede de colaboração que fortalece toda a região.
A Filosofia Gastronómica
O Contradição acredita que a verdadeira inovação gastronómica passa por conhecer profundamente o território. Cada prato conta uma história sobre Trás-os-Montes, onde o azeite virgem extra surge como fio condutor entre receitas ancestrais e apresentações contemporâneas.

Porquê Visitar
Bragança, capital de Trás-os-Montes, é o ponto de partida ideal para explorar a região. O Contradição oferece uma experiência que equilibra sofisticação e autenticidade, mostrando como os produtos tradicionais — especialmente o azeite — podem brilhar em contextos modernos sem perder a sua identidade.
3. O Lagar de Nicolau — Mogadouro: Onde o Lagar Encontra a Mesa
Da Azeitona ao Prato
O Lagar do Nicolau, situado na aldeia de Azinhoso em Mogadouro, representa uma das mais autênticas experiências de olivoturismo em Trás-os-Montes. Este antigo lagar de azeite familiar foi cuidadosamente restaurado e transformado num restaurante que mantém viva a memória dos tempos em que a azeitona era transformada nestas mesmas paredes.
A experiência de visitar um lagar transmontano é única — e o Lagar do Nicolau preserva essa atmosfera com maestria. Os proprietários apostaram na recuperação deste espaço histórico, criando um ambiente extraordinário onde a arquitetura tradicional se funde com uma gastronomia de excelência. Situado no centro da aldeia, o restaurante passa despercebido a quem não o conhece, mas é um segredo bem guardado entre os apreciadores da boa mesa transmontana.
A Gastronomia Autêntica
No Lagar do Nicolau, a cozinha é profundamente saborosa e respeita a máxima transmontana de que bons ingredientes precisam de pouca intervenção. Os proprietários apostam nas comidas típicas transmontanas e acrescentam-lhes o seu cunho particular de inovação e criatividade, sempre com o azeite local como protagonista.

Entre as entradas imperdíveis destacam-se as torradas em azeite, os cogumelos salteados e o folhado de alheira. Como pratos principais, a feijoada de cogumelos com chichos (carne de porco) e o rodelhão são especialidades que revelam o melhor da cozinha regional. Para finalizar, o pudim de fruta da época é o toque perfeito. O azeite de produção local eleva cada preparo, provando que a excelência está na qualidade da matéria-prima e no respeito pelas técnicas ancestrais.
Porquê Visitar
Para os verdadeiros apreciadores de azeite e autenticidade, o Lagar do Nicolau oferece uma experiência inigualável. A decoração preserva elementos do antigo lagar, criando uma atmosfera que transporta os visitantes para os tempos da produção artesanal. O ambiente acolhedor, aliado ao atendimento super simpático e à comida de qualidade, torna este restaurante uma paragem obrigatória.
4. Flor de Sal | Mirandela: O Azeite como Filosofia de Vida
Uma Ode aos Sabores Transmontanos
O Flor de Sal é, sem sombra de dúvida, um dos restaurantes mais bonitos da região, não só pelo ambiente que o circunda, o rio e a vista para Mirandela, como pela sua arquitetura moderna e arrojada. Mas é a filosofia gastronómica que verdadeiramente distingue este espaço: aqui, o azeite não é um detalhe — é uma declaração de princípios.
À entrada pode ler-se que "Comer sem azeite é comer miudinho", ou não fora aquele produto um dos elementos essenciais numa carta. Esta frase resume perfeitamente a abordagem do Flor de Sal, onde cada prato é pensado para celebrar o azeite transmontano.
A Celebração do Terroir

A ementa é conhecida por ser uma cozinha de autor, onde se destaca a utilização dos produtos regionais, nomeadamente o azeite de Trás-os-Montes. Entre as criações que marcaram a identidade da casa, destacou-se durante vários anos o icónico tronco de oliveira recheado com alheira, símbolo da fusão entre tradição e criatividade que caracteriza o Flor de Sal. Hoje, a carta continua a evoluir mantendo o azeite como elemento central e transversal a toda a experiência.
Porquê Visitar
Bem encostadinho ao Rio Tua, no coração de Mirandela, o Flor de Sal assume-se como uma verdadeira referência da comida transmontana. Os pratos sofisticados, apresentados de forma irrepreensível, são um verdadeiro apelo à memória da região. A localização privilegiada e o compromisso com os produtos locais fazem deste restaurante uma experiência gastronómica única.
5. Restaurante O Lagar | Torre de Moncorvo: História e Sabor desde 1983
Onde o Passado Encontra o Presente
Fundado em 1983, o Restaurante O Lagar é um dos espaços mais emblemáticos de Torre de Moncorvo. Instalado num antigo lagar de azeite, este restaurante mantém viva a memória dos tempos em que a azeitona era transformada nestas mesmas paredes, preservando elementos arquitectónicos originais que contam histórias de gerações dedicadas ao ouro líquido transmontano.
Localizado no centro histórico de Torre de Moncorvo, O Lagar é muito mais do que um restaurante — é um museu vivo da cultura oleícola da região. As paredes em pedra, a madeira robusta de suporte do telhado e os traços antigos conferem ao espaço um carácter único, transportando os visitantes para os tempos em que o azeite era produzido artesanalmente.
A Cozinha que Honra o Azeite
A cozinha de O Lagar celebra o património gastronómico transmontano com pratos onde o azeite local tem papel de destaque. O famoso Bacalhau à Lagar, as Favas Guisadas com Entrecosto, o Polvo à Lagareiro e a emblemática Posta de Vitela à Lagar são apenas algumas das especialidades que demonstram como este ingrediente fundamental eleva cada preparação.

A carta revela o compromisso com produtos regionais de excelência, desde os enchidos tradicionais às carnes DOP, passando pelo peixe fresco. Cada prato é confecionado com mestria e à moda antiga, utilizando o azeite da região como base fundamental da cozinha transmontana autêntica. O restaurante mantém a tradição das "lagaradas" — pratos generosamente regados com azeite de qualidade superior que caracterizam a gastronomia local.
Porquê Visitar
O Lagar reúne todos os ingredientes para uma experiência gastronómica memorável: espaço com história, comida de excelência e a hospitalidade genuína das gentes de Moncorvo. O restaurante recebeu recomendação do prestigiado Boa Cama, Boa Mesa, confirmando a qualidade consistente ao longo de mais de quatro décadas de existência.
Torre de Moncorvo, conhecido pelos seus extensos olivais e pela qualidade do azeite DOP produzido, oferece o cenário perfeito para compreender a importância desta cultura milenar. Visitar O Lagar é mergulhar nessa história, saboreando pratos que são verdadeiras pontes entre o passado e o presente.
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Melhor Época para Visitar
Embora estes restaurantes funcionem durante todo o ano, diferentes estações oferecem experiências distintas:
Outono (outubro a dezembro): A época da colheita é particularmente especial. Os lagares entram em funcionamento e é possível provar o azeite novo, com o seu sabor intenso, vibrante e ligeiramente picante. Muitos restaurantes celebram esta época com menus especiais que destacam o azeite acabado de extrair. As paisagens transmontanas vestem tons dourados e alaranjados, criando cenários fotogénicos.
Inverno (janeiro a março): Época ideal para apreciar os pratos mais consistentes da cozinha transmontana, como os ensopados, as favas guisadas e os assados lentos. O frio convida a refeições reconfortantes onde o azeite aquece o corpo e a alma.
Primavera (abril a junho): Os campos florescem, as amendoeiras exibem as suas flores brancas e rosas, e as temperaturas amenas convidam a explorar a região. É tempo de pratos mais leves, onde o azeite novo ainda brilha em saladas, grelhados e preparações mais simples.
Verão (julho a setembro): As azeitonas começam a crescer nas oliveiras, numa promessa da colheita vindoura. É época de refeições em esplanadas, com vistas privilegiadas sobre as paisagens transmontanas.
Onde o Azeite Une Sabores, Território e Memória
Explorar Trás-os-Montes e Alto Douro é descobrir uma região onde cada refeição conta uma história e onde o azeite — esse ouro líquido que molda culturas e paisagens — assume um papel central na identidade gastronómica.
Dos restaurantes instalados em antigos lagares às cozinhas contemporâneas que reinterpretam tradições, estes cinco espaços demonstram como o azeite transmontano continua a inspirar chefs, produtores e viajantes. Seja pela autenticidade das gentes, pela força do território ou pela riqueza dos produtos locais, cada visita torna-se uma experiência sensorial que transcende o prato.
Ao planear a sua próxima escapadinha gastronómica, permita-se seguir o aroma do azeite novo, dos pratos fumegantes e das histórias preservadas ao longo de gerações. Em Trás-os-Montes e Alto Douro, cada garfada é uma viagem — e cada garrafa de azeite é um convite a regressar.
Quando planeares o teu roteiro por terras de Trás-os-Montes e Alto Douro, na companhia do Azeite a Norte, não deixes de incluir os pontos gastronómicos que lhe vão dar um sabor especial à visita.
Continua a acompanhar o blog Azeite a Norte para descobrir mais restaurantes, produtores, trilhos e experiências que valorizam o azeite transmontano e o melhor da nossa região. 🥘😋
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