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O que são Azeites Monovarietais e Blends? Descubra a Essência de Cada Garrafa

Quando percorremos as prateleiras de uma mercearia ou visitamos um lagar em Trás-os-Montes, deparamo-nos com uma diversidade fascinante de azeites.

Alguns rótulos destacam nomes como "Cobrançosa", "Verdeal" ou "Madural", enquanto outros simplesmente indicam "Blend" ou "Lote Selecionado".

Mas afinal, o que distingue estes azeites? E mais importante: como escolher o melhor para cada ocasião na nossa mesa?

Prateleira de Azeites

Esta é uma história que começa nos olivais ancestrais do Norte de Portugal, onde cada variedade de azeitona carrega consigo séculos de tradição e as características únicas do nosso território.


Monovarietais: A Personalidade Pura de Cada Variedade


Os azeites monovarietais são elaborados com uma única variedade, ou cultivar, para produzir um azeite com características únicas [1]. É produzido exclusivamente com azeitonas de um só tipo – seja Cobrançosa, Verdeal Transmontana, Madural ou Cordovil – preservando todas as características únicas daquela cultivar.


Imagine um azeite 100% Verdeal Transmontana: será muito picante e forte, com sensações verdes pronunciadas e intensas, reminiscentes de relva recém-cortada [2]. Já um monovarietal de Cobrançosa apresenta-se equilibrado, com toques de doçura, amargor e picância. Ligeiramente amargo e picante quando as azeitonas estão verdes, ou doce e suave quando colhidas maduras [2]


As Variedades de Trás-os-Montes e Alto Douro


Na nossa região, o Azeite de Trás-os-Montes DOP é produzido a partir das variedades de azeitona Verdeal Transmontana, Madural, Cobrançosa, Cordovil e outras 3.

Esta Denominação de Origem Protegida pela União Europeia desde 21 de junho de 1996 garante a autenticidade e qualidade do produto [3].


  • Verdeal Transmontana: esta variedade destaca-se pela sua produtividade e características marcantes. Oferece azeites muito picantes com intensas notas herbáceas, ideais para temperar saladas, legumes, peixes e carnes grelhadas. É perfeita para quem procura um azeite de caráter forte e marcante [2].

  • Madural: também conhecida como Cercial, é típica de Trás-os-Montes e presenteia-nos com azeites de sabor equilibrado e delicado. O sabor é equilibrado, com um toque ligeiramente amargo e picante, característico dos azeites de qualidade. Em alguns casos, podem ser percebidas notas amendoadas, especialmente quando a azeitona é colhida em estágios mais avançados de maturação [2].

  • Cobrançosa: uma variedade que encanta pela sua rusticidade e produtividade regular, oferecendo azeites com notas frutadas. Esta variedade contribui para um azeite equilibrado, com notas de amargo e picante [2].

  • Cordovil: complementa este quarteto com características próprias que enriquecem a diversidade dos nossos azeites regionais [2]. 


Os azeites monovarietais permitem aos produtores realçar as características peculiares que podem ser obtidas de cada variedade de azeitona, incluindo parâmetros analíticos como a composição em ácidos gordos e teor de polifenóis [4]. Permitem-nos conhecer a fundo a personalidade de cada variedade e compreender como o solo, o clima e a altitude de Trás-os-Montes influenciam o perfil final de cada azeite.


Blends: A Arte da Harmonia


Se os monovarietais são retratos individuais, os blends são verdadeiras obras de composição. Quando mais de uma variedade é usada, isso é um blend [5]. Um blend resulta da mistura criteriosa de azeites de duas ou mais variedades de azeitona, criando um perfil equilibrado e harmonioso.


Esta arte de combinar azeites – conhecida como assemblage em francês ou taglio em italiano – é uma prática que remonta a gerações de olivicultores transmontanos [6]. O produtor atua como um maestro, selecionando variedades que se complementam: uma mais picante, outra mais doce, outra com notas frutadas intensas. O objetivo é criar um azeite equilibrado, versátil e complexo.


Os azeites produzidos são feitos a partir de três variedades principais – Cobrançosa, Madural e Verdeal. É o blend das três azeitonas que distingue muitos produtores locais: a união da exuberância da Cobrançosa com a complexidade da Madural e a robustez da Verdeal [7]. 

O Azeite de Trás-os-Montes é equilibrado, com cheiro e sabor a fruto fresco, por vezes amendoado e com uma sensação notável de doce, verde, amargo e picante.

A grande vantagem dos blends está na sua versatilidade: são azeites equilibrados que funcionam bem em múltiplas situações culinárias, desde temperar uma salada simples até finalizar um prato mais elaborado.


Como Escolher: Monovarietal ou Blend?


A escolha entre um monovarietal e um blend não é uma questão de "melhor" ou "pior", mas sim de propósito e preferência pessoal. Ambos podem ser azeites virgem extra de excelente qualidade.


Quando Escolher um Monovarietal


Opte por monovarietais quando procura:

  • Experimentar sabores distintos: Cada variedade oferece uma experiência sensorial única com características próprias

  • Harmonizações específicas: Um monovarietal intenso de Verdeal é perfeito para bacalhau assado ou pratos condimentados, enquanto uma Madural mais suave realça pescados delicados [8]

  • Conhecer o terroir: Os monovarietais revelam como o solo e o clima de Trás-os-Montes moldam cada variedade


Quando Escolher um Blend


Os blends são ideais para:

  • Uso versátil no dia a dia: Um blend equilibrado funciona bem em diversas preparações

  • Quem está a iniciar-se no mundo do azeite: Oferecem uma experiência harmoniosa sem características muito extremas

  • Culinária tradicional: Muitos pratos da cozinha transmontana foram desenvolvidos com os blends locais


Dicas Práticas na Hora da Compra


Independentemente de escolher um monovarietal ou blend, alguns aspectos são essenciais:


  1. Procure sempre "Virgem Extra": A categoria virgem extra associa-se ao azeite de maior qualidade. A acidez é igual ou inferior a 0,8 por cento. Para ostentar o selo de "extra virgem", o azeite precisa atender a critérios definidos pelo Conselho Oleícola Internacional: acidez livre menor que 0,8%, índices de oxidação controlados e ausência de defeitos sensoriais [8].

  2. Valorize as certificações: O selo DOP assegura que aquele produto, além de ter sido produzido numa região geográfica delimitada, utilizou variedades específicas de azeitonas, com práticas regulamentadas de cultivo e processamento [9].

  3. Verifique a embalagem: prefira garrafas de vidro escuro que protegem o azeite da luz e preservam os seus antioxidantes naturais.

  4. Atenção à frescura: escolha azeites com data de validade mais longa. O azeite tem prazo de validade e, após essa data, as propriedades organoléticas podem sofrer alterações. Guarde-os em local fresco, ao abrigo da luz [10].


Uma Herança Que Se Prova


No final, seja monovarietal ou blend, cada garrafa de azeite conta uma história. É a história dos olivicultores de Trás-os-Montes que, geração após geração, têm cuidado das oliveiras com dedicação.


O solo de Trás-os-Montes, predominantemente xistoso e granítico, combinado com o clima mediterrânico continental, favorece a maturação lenta da azeitona, resultando em azeites mais intensos e ricos em antioxidantes naturais [12].


Quando abrimos uma garrafa de azeite da nossa região, estamos a provar mais do que um produto: estamos a saborear o património cultural e natural de Trás-os-Montes e Alto Douro. Estamos a perpetuar uma tradição milenar que continua viva nos olivais que pontilham a paisagem transmontana.


Por isso, da próxima vez que escolher um azeite, lembre-se: não existe uma escolha errada entre monovarietal e blend. Existe apenas a oportunidade de descobrir e apreciar a riqueza e diversidade dos nossos azeites do Norte.



Referências:


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